Métodos de triagem de vítimas em catástrofes: uma reflexão para a enfermagem
Qui, 20 de Maio de 2012
De
acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), catástrofe é um
fenômeno ecológico súbito de magnitude suficiente para necessitar de
ajuda externa. Define-se a expressão ‘múltiplas vítimas’ como uma
situação em que há um desequilíbrio entre os recursos disponíveis e as
necessidades.
Segundo Reppetto e Souza (2005), para realizar as atividades de
cuidado, o pessoal de enfermagem necessita de um instrumental conceitual
e técnico para abordar a realidade da prática. Ribeiro e Bertolozzi
(2002) acrescentam que a enfermagem, no seu cotidiano de trabalho,
parece ainda não ter incorporado plenamente à temática ecológica ao
cuidado integral, restringindo, por vezes, as práticas à assistência às
"vítimas" de alterações ambientais.
De
acordo com Morton e Fontaine (2011, p.213), na ocorrência de um
desastre, o papel da enfermagem nos cuidados críticos é fundamental.
Ressalta a dependência deste em relação ao impacto do desastre sobre as
estruturas das instituições, o meio ambiente e o número de profissionais
disponíveis. Com base no pensamento crítico, as competências
fundamentais da enfermagem em incidentes com vítimas em massa incluem:
“a)
usar uma abordagem ética e aprovada em nível nacional para suporte de
tomada de decisões e priorização necessárias em situações de desastres;
b) utilizar competência de julgamento clínico e tomada de decisão na
avaliação do potencial para o cuidado individual adequado após um
incidente com vítimas em massa (IVM); c) descrever os cuidados de
enfermagem de emergência essenciais nas fases pré e pós desastres para
indivíduos, famílias, grupos especiais (p.ex. crianças, idosos,
gestantes) e comunidades; d) descrever os princípios de triagem
específicas que são aceitos para IVM (p.ex. Sistema de Triagem Simples e Tratamento Rápido [START]”.
Morton
e Fontaine (2011) complementam a importância da avaliação global da
situação de catástrofe, no que se refere a segurança do profissional, da
equipe de emergência e das vítimas, em qualquer situação de resgate.
Isso inclui a descrição de sinais e sintomas decorrentes da exposição a
agentes químicos, biológicos, radiológicos, nucleares e explosivos.
Nesse
sentido, faz-se necessário o planejamento do cuidado que contemple as
diversas alterações do meio ambiente. Teixeira e Olcerenko (2007)
evidenciam a elaboração de um plano de ação para situações de desastres,
catástrofes e múltiplas vítimas, bem como um eficiente sistema de
controle que não transfira o caos do local da catástrofe para o hospital
- o que é muito comum em eventos dessa magnitude.
Um dos métodos mais utilizados no Brasil e no mundo o método S.T.A.R.T. (Simple Triage and Rapid Treatment) – traduzido como ‘Simples Triagem e Rápido Tratamento’. No
Brasil, esse método passou a ser utilizado a partir de 1999. A triagem é
o termo dado ao reconhecimento da situação e seleção das vítimas por
prioridades na cena da emergência. (TEIXEIRA E OLCERENKO, 2007)
Esse
processo de triagem deve ser utilizado quando os recursos de pessoal e
de material forem insuficientes frente a um acidente. Utilizado em todo o
mundo, contempla a avaliação das condições fisiológicas da vítima em
três fatores que são: - respiração, circulação sanguínea e nível de
consciência, por meio de um fluxograma que prioriza o atendimento por
cores: vermelha (prioridade 1), amarela (prioridade 2), verde
(prioridade 3) e preta (prioridade 4). Entretanto, em alguns países que
utilizam o fluxograma S.T.A.R.T. para a classificação das vítimas de
desastre, pode haver variação das cores empregas na classificação de
prioridades.
De
acordo com Teixeira e Olcerenko (2007), a utilização de métodos como o
S.T.A.R.T. por si não garantem a triagem, uma vez que eles devem ser
estar associados a profissionais treinados (teoricamente e na prática), e
que possuem preparo psicológico adequado às situações vivenciadas, para
a agilidade e acurácia da tomada de decisão.
Concordamos
com Teixeira e Olcerenko (2007) que o método de triagem S.T.A.R.T. é
método confiável e de grande utilização em todo o mundo, e que por isso
não pode ser esquecido ou ignorado. Além disso, a inexistência de uma
plano de contingência a situações de múltiplas vítimas interferir na
eficácia do atendimento, correndo o risco de falhas na priorização de
atendimento às vítimas mais graves, com vistas às maiores probabilidades
de sobrevivência.
01 - Após realizar a triagem em um acidente com múltiplas vítimas, obteve-se o seguinte quadro:
I - 06 (seis) que estão deambulando pelo local do acidente;
II- 02 (duas) que não estão respirando mesmo após manobras de abertura de via aérea;
III - 02 (duas) que voltaram a respirar após manobras de abertura da via aérea e apresentaram enchimento
capilar maior que 2 segundos;
VI - 08 (oito) que apresentaram freqüência respiratória menor que 30 movimentos/minuto, tempo de
enchimento capilar menor que 2 segundos, respondem a comandos simples, mas gritam de dor.
A seqüência adequada, no que diz respeito à prioridade no atendimento às vítimas é:
(a) II, III, IV, I.
(b) III, IV, I, II.
(c) I, II, III, IV.
(d) IV, II, I, III.
I - 06 (seis) que estão deambulando pelo local do acidente;
II- 02 (duas) que não estão respirando mesmo após manobras de abertura de via aérea;
III - 02 (duas) que voltaram a respirar após manobras de abertura da via aérea e apresentaram enchimento
capilar maior que 2 segundos;
VI - 08 (oito) que apresentaram freqüência respiratória menor que 30 movimentos/minuto, tempo de
enchimento capilar menor que 2 segundos, respondem a comandos simples, mas gritam de dor.
A seqüência adequada, no que diz respeito à prioridade no atendimento às vítimas é:
(a) II, III, IV, I.
(b) III, IV, I, II.
(c) I, II, III, IV.
(d) IV, II, I, III.
REFERÊNCIAS
BRASIL.
Ministério da Integração Nacional. Secretaria de Nacional de Defesa
Civil. Conferência geral sobre desastres. Brasília, 2007. 23 p.
MORTON,
P. G.; FONTAINE, D. K. Cuidados Críticos de Enfermagem: uma abordagem
holística. 9.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
REPPETTO,
M. A.; SOUZA, M.F. Avaliação da realização e do registro da
Sistematização da Assistência de enfermagem (SAE) em um hospital
universitário. Rev Bras Enferm; v. 58, n. 3, p. 325-9, maio-jun, 2005. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/reben/v58n3/a14v58n3.pdf>, acesso em 23 mar. 2011.
MORAIS, K. R. S.; VASCONCELOS, L.C. A.; LIMA, S. C. S. et al. Assistência de Enfermagem aos desabrigados das enchentes em Teresina-PI: um relato de experiência. Trabalho sob no 1618 - 1/3 publicado no 61o Congresso Brasileiro de Enfermagem: Transformação e Sustentabilidade Ambiental. 2009. Disponível em: <http://www.abeneventos.com.br/anais_61cben/files/01921.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2011.
SIATE /CBPR. Catástrofes e Atendimento a Múltiplas Vítimas. Disponível em: <http://www.defesacivil.pr.gov.br/arquivos/File/primeiros_socorros_2/cap_28_amuvi.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2011.
TEIXEIRA, W. A. OLCERENKO, D.R. A Utilização do Método S.T.A.R.T.
em acidentes com múltiplas vítimas. Trabalho publicado no 10º Congresso
de Iniciação Científica, 4ª mostra de Pós-Graduação e 1ª Mostra do
Ensino Médio Disponível em: <http://www.unisa.br/pesquisa/arquivos/livro_10_congresso.pdf#page=139>. Acesso em: 23 mar. 2011.